A primeira vista, o termo "negócios sociais" pode
parecer um pleonasmo. Para muitos, um "absurdo", diria. Como assim
"negócios" sociais? Por acaso o social, e tudo que ele envolve, pode
ser convertido em transações financeiras, em lucros? Já não basta as relações
capitalistas que fazem isso o tempo inteiro e produzem tantos problemas
"no social"?
É pessoal, o assunto rende!
Por isso, para começar, vamos falar um pouco sobre o início
da ideia de negócios sociais. Vamos lá, coloque as pedras no chão, acalme o
coração e me escute. Ou melhor, leia.
Na década de 70 o economista bengalês Muhamad Yunus, após
concluir seus estudos nos EUA , regressou a Bangladesh e se deparou com uma
situação de grande pobreza. Ao observar as comunidades e como estas
funcionavam, Yunus percebeu que muitas delas tinham atividade produtiva, mas
não eram capazes de acumular capital além do que era necessário para a sua
sobrevivência, visto que pagavam altas taxas e juros pelo aluguel e
financiamento de seus meios de produção.
Yunus percebeu que se estas pessoas tivessem condições para
investir inicialmente em seu negócio poderiam obter um ganho extra de dinheiro
através de sua produção, o que as levaria a melhorar de vida e criaria meios
para, aos poucos, investirem no crescimento do mesmo negócio.
A partir disso, Yunus começa a difundir a ideia de
microcrédito para estas pessoas junto aos bancos privados, considerando que se
tratavam de quantias mínimas de capital. Os bancos, todavia, se negam a
disponibilizarem créditos para os mais pobres, alegando que se tratava de um
alto risco financeiro, visto que se tratava de um público que poderia não ter
condições de quitar suas dívidas.
Yunus cria então um novo banco, voltado para a população de
baixa renda. Surge o Grameen bank, primeiro banco de microcrédito do mundo, que
existe até os dias atuais e possui unidades em grande parte dos países do
mundo. Para Yunus, muitas outras empresas como essas podem ser criadas para
atender às diversas demandas da população.
Ele acredita que o principal problema do capitalismo é considerar que todas as pessoas preocupam-se apenas em gerar lucros. Aponta a existência dos empreendedores sociais como um exemplo de que nem todos se preocupam apenas com a geração de capital, e que realmente existem pessoas engajadas em fazer o bem para a sociedade. Podemos dizer que, para o economista bengalês, o mundo seria dividido entre empresas maximizadoras de lucros e as empresas sociais, que teriam como missão atuar em problemas sociais, sem o objetivo direto de geração de lucros para enriquecimento de poucos.
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